domingo, julho 25, 2004

Esta semana:

Legião Urbana - Legião Urbana (1985)



O punk, como movimento musical, começou a dar as caras em meados de 1976 quando Malcon McLaren voltava à Inglaterra depois de uma temporada com o New York Dolls, nos Estados Unidos. Nessa temporada, McLaren já sacou o pequeno movimento que surgia em torno do hoje conhecido CBGB's, bar em Nova Iorque, com bandas como Ramones e Blondie. Ao voltar à sua terra natal, procurou alguns caras que estivesse a fim de montar uma banda para que ele fosse o empresário, pois via naquele "movimento punk" um poduto pop que renderia, se bem utilizado, bons frutos. Formou-se o Sex Pitols, e daqui pra frente vocês já sabem a história.

O negócio foi que, assim como em São Paulo e no Rio de Janeiro, os ecos do punk já eram ouvidos em Brasília. Fitas e discos de bandas como as citadas acima (ou ainda Clash, Buzzcocks) eram trazidos de lá de fora e pelos filhos dos embaixadores, professores da UnB e afins que passavam tardes e tardes ouvindo e discutindo os tais discos, bebendo uma cerveja e/ou fumando um baseado. O próximo - e óbvio - passo era montarem suas próprias bandas. E desse fato surgiram inúmeras histórias que hoje é de conhecimento de muita gente. Por isso vamos direto a ele, o Aborto Elétrico.

A princípio a formação do Aborto Elétrico era: Renato Russo no baixo e voz, André Pretoruis na guitarra e Fê Lemos na bateria. Desde seus primórdios a idéia do Æ era ser uma banda séria, e, por quê não, politizada. Logo após o primeiro show, André Pretorius abandona o grupo, e em seu lugar entra Flávio Lemos no baixo, deixando as guitarras a cargo de Renato. Essa é a formação clássica da banda, e é nessa formação que surge a lendária história de que, após mostrar a música "Química" para a banda, o baterista Fê Lemos, não gostando da letra infantil, da falta de engajamento político por parte de Renato, lhe atira as baquetas. Este, ofendido, sai da banda, dando início a sua fase folk, passando a ser conhecido como o "Trovador Solitário".

Lendas à parte, Renato pernamece como o Trovador Solitário até chamar o baterista da banda SLU (Serviço de Limpeza Urbana), Marcelo Bonfá, para montar a Legião Urbana. Mantendo a seriedade que tinha no Æ, Renato ainda é quem escreve as letras e após a entrada e saída de inúmeros guitarrista, a formação básica que se fechou para a gravação do primeiro disco foi: Renato Russo - voz, Marcelo Bonfá - bateria, Dado Villa-Lobos - guitarra e Renato Rocha - Baixo.

"Legião Urbana" foi gravado entre Outubro e Dezembro de 1984, sendo lançado em Janeiro de 1985. Até hoje, o disco já vendeu 710 mil cópias, sendo que antes de entrar em catálogo, sua vendagem foi de 50 mil cópias. As músicas que compõem esse disco são basicamente as mesmas do repertório do Æ, mesmo com o fato de que as composições dessa banda foram divididas entre o Capital Inicial e a Legião Urbana.

Ainda sob o lema "do it yourself", notamos no disco a maioria das características que formaram musicalmente tanto Renato quanto a Legião: canções cruas e rápidas, letras voltadas a crítica de costumes ("A Dança") e crítica políticas ("Geração Coca-Cola", "O Reggae"). Ou seja, o punk ainda estava bem presente nesse disco, mas já era notado características marcantes do "pós-punk" como, por exemplo, o clima meio sombrio de "Ainda é cedo". Outros temas como sexualidade já eram percebidos em músicas como "Soldados" e "Teorema" (!). Segundo o próprio Renato, "Teorema" é sobre sexo oral, mas devido as circunstâncias da época, era impossível deixar a música explícita. É certo que o Brasil havia acabado de se livrar do regime militar, mas conforme Renato, "ainda era cedo" para se tratar de tais assuntos.

Entre as músicas do disco, talvez mereça destaque "Geração Coca-Cola", uma crítica clara aos vinte anos do regime militar ("Depois de vinte anos na escola" se refere ao período em que o regime militar ficou no poder, e a música continua "Não é difícil aprender/Todas as manhas do seu jogo sujo". Mais claro, impossível), "Baader-Meinnhof Blues", citação direta a um grupo terrorista alemão da década de 70, "Teorema", recentemente regravada pelo Ira! e a bela "Por enquanto", com uma das melhores letras de Renato até então.

Legião Urbana, como a maioria dos primeiros discos dessa "geração anos oitenta", tem uma qualidade de gravação ruim, e as músicas eram basicamente as mesmas do repertório de shows. Mas nesse primeiro disco, a Legião Urbana já deixa claro as principais características da banda, e são essas que eles desenvolveram e aprimoraram em seus discos posteriores.

domingo, julho 18, 2004

Começa agora

Maquinário está entrando no ar nesse instante.
Longe de ser um crítico musical, deixarei aqui apenas minhas impressões sobre os discos, os álbuns e músicas que, de alguma maneira, aparecem no meu rádio.

Para começar, Maquinário indica:

The Beatles - Revolver (1966)

Lançado em 1966, Revolver está entre Rubber Soul (1965) e Sgt. Peppers (1967), mostrando a transformação sonora pela qual estavam passando os garotos de Liverpool. Deixando para trás os arranjos e as letras mais simples, nesse disco a banda se busca um maior experimentalismo, seja através das influências indianas de George ou através rock mais direto e cru de Lennon. É a partir daqui que a "beatlemanía" (fãs histéricas e afins) começa a desaparecer. Os Beatles haviam amadurecido, e agora começavam a representar toda uma geração.

Foi durante o lançamento desse disco que John lennon fez aquela declaração mundialmente conhecida, dizendo que os Beatles eram mais famosos do que Cristo. Sendo impossível repetir nos palcos o que era produzido em estúdio, a banda pára de fazer shows.

Após Revolver, a banda entre em estúdio e decide fazer um disco diferente de qualquer coisa que já havia sido lançada. Nasce "Sgt. Peppers Lonely hearts Club Band", mas essa já é uma outra história.

Obs.: Todas as faixas são boas nesse disco, por isso não dá para indicar as melhores músicas. Ouça o disco inteiro.